P Á G I N A S

sábado, 17 de janeiro de 2009

Absolutismo tropical contemporâneo


Em visita a Maracaibo, o presidente Luís Inácio da Silva elogiou a possibilidade de reeleição infinita na Venezuela (leia-se, ao menos atualmente, de Hugo Chávez), embora pense que o mesmo não seria adequado ao Brasil em função da 'pouca experiência democrárica' do país.

Trata-se de mais uma manifestação - numa cadeia produtiva que vem se mostrando cada vez menos velada - da vontade de o Petê perpetuar-se no poder. Primeiro veio a história de Lula dizer não querer um terceiro mandato, sem que a possibilidade sequer lhe houvesse sido perguntada. Um balão de ensaio. Não por coincidência, foi a deixa para o deputado Devanir Ribeiro (Petê-SP) propor a segunda reeleição. Depois, vem a exposição intensa de Dilma Rousseff, figura sem maior destaque no cenário político, para torná-la íntima dos eleitores até o pleito de 2010. Como pano de fundo, desde o início do governo, tem o assistencialismo do Bolsa Família, que faz os beneficiados crerem que Deus é, de fato, brasileiro: tem barba grisalha, língua presa e um dedo a menos na mão esquerda. E tem ainda as 'pesquisas', que catapultam a popularidade do presidente a níveis próximos de 100%, quiçá em breve não ultrapassando essa barreira meramente matemática.

Dá para sentir, cada vez mais forte, cheiro de ditadura no ar. Não aquela que levantou o Brasil, conquistou a auto-suficiência em petróleo e tão mais fez, projetando-o no mundo por sua grandeza e pela capacidade de seu povo. Mas uma outra, perigosa, que se pauta no poder apenas como instrumento de doutrinamento ideológico, que visa a patrulhar indiscriminadamente os pensamentos e tornar o seu modo de ver as coisas a verdade absoluta. Com a qual se pode corromper e deixar-se corromper, sem a censura dos que ainda tenham retidão de caráter, sem a inconveniência da imprensa combativa e sem peso na consciência.


Boas Tardes!

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