P Á G I N A S

sábado, 25 de setembro de 2010

Vote no Brasil!

 
Estamos a uma semana das eleições. Época de consolidar as reflexões acerca daqueles em quem votar, de analisar o cenário político que se desenha e de aumentar a torcida por um Brasil melhor, confiando na capacidade e na honradez dos nossos escolhidos. Falta muito investimento no país: em saúde decente, numa educação realmente valorizada, na segurança pública, em infraestrutura para um progresso sustentável. Porém faltam coisas importantes como todas essas, sem as quais não poderemos conquistá-las. Coisas como respeito, honestidade, lealdade, ética, moral, disciplina, lisura, retidão. E, sendo verdades que o exemplo vem de cima e que ele arrasta, uma boa ideia é ascender ao poder gente que faça da prática desses valores sua filosofia de vida.

Algumas pessoas que não se alinham politicamente com a situação têm vivido o anticlima do 'já ganhou', pondo-se cabisbaixas ante os números das 'pesquisas' e se conformando com o 'já perdeu'. Dão a eleição como ganha, pelos adversários, antes da hora! Pensam que o seu voto pessoal não tem valor e não influenciará um pleito que sequer ocorreu e cuja lisura política sabe-se comprometida. Seja pelo massacre da máquina governamental para confeccionar a Barbie vermelha, capaz de angariar intenções de voto apenas pelo marketing de sua produção, seja pela matemágica das estatísticas embustidas nas enquetes que, não se surpreendam, podem fabricar milagres como amostras de homogeneidade perfeita e percentagens acima de cem.

A grita de números tão astronômicos de popularidade e intenções de voto, que a maioria da imprensa ajuda a amplificar, sem o pudor de uma avaliação mais criteriosa que não a deixe na condição de porta-voz acrítico de índices, parece-me servir basicamente a dois propósitos: impressionar bem os adeptos, criando o estímulo à conquista de mais votos (também impressionando mal os não-adeptos, ao incutir-lhes o pensamento de que tudo está perdido e nada é possível contra o atual estado de coisas); e prevenir um resultado desfavorável nas urnas, lançando - como é do feitio dessa turma - uma estrondosa suspeita de fraude, no caso de os números oficiais não baterem com a 'opinião pública', para usar o termo lembrado num dos recentes comícios também 'oficiais'.

Fatos novos, como as quebras de sigilo fiscal de opositores e a revelação de tramóias que já desconfiávamos existir nas entranhas palacianas, chegaram para dar um colorido a mais na campanha. E também para sacudir um pouco os algarismos, já um tanto viciados por uma escalada artificialmente turbinada, tão sem freios quanto as línguas dos ofídios que detêm o poder.

Para ficarmos num dos episódios mais recentes e bem ilustrativos, Lula reclama de ter sido traído por Erenice Guerra, a ex-toda-poderosa ministra da Casa Civil, ex-braço-direito (recém-amputado) da também ex-ministra Dilma, haja 'ex', forte concorrente a rainha do nepotismo do Planalto. Afora a autoconcessão pública de atestato de corno (político), o que nossa excelência faz, com uma declaração dessa ordem, é apenas uma retórica que inverte o sentido da história. Porque decerto ele não foi traído (duvida-se que ele não soubesse do exercício indiscriminado de tráfico de influência sob suas grisalhas barbas) e o que acontece agora é que Erenice é a traída: abandonada como cachorro sarnento, como é da índole da companheirada quando algum membro se torna um estorvo. Desprezada por seus outrora colegas de trabalho e de negociatas, de modo a não fazer respingar mais lama na candidatura oficial.

Mas que não se ignore o poder de que é capaz uma mulher desprezada: uma eventual ruptura do silêncio dessa ex-amiguinha de infância de Dilma Rousseff pode ser o que ainda falta para abalar de vez o claudicante prestígio do governo, do seu maior ícone, de sua protegida e de todos os planos de um lindo futuro, traçados para os próximos meses. Quantos escândalos ainda caberão em uma semana de páginas de jornal, na televisão e na grande rede? De quantas bravatas ainda será capaz nossa excelência, chaveirinho inseparável da candidata oficial, em pronunciamentos cada vez mais raivosos e que vêm se constituindo em verdadeiros tiros no próprio pé?

Dilma começou uma derrocada de índices, que sinaliza a realização de um segundo turno nas eleições para presidente da República. Vem despencando consideravelmente nas classes econômico-sociais que gozam de um maior discernimento político, de pessoas que acompanham o noticiário, possuem senso crítico e têm ascendência sobre seu círculo profissional e de amigos. Gente que consegue influenciar votos, mas não pelo apelo piegas do 'vote nele porque é meu amigo', ou pelo faz-de-conta da produção hollywoodiana, com seus photoshops incríveis e seus textos impecáveis. Consegue porque possui conhecimento, histórico, de atos e fatos que ajudaram a construir o caráter de um candidato e, de posse dessa bagagem informativa, exerce seu poder de convencimento com competência e imparcialidade.

Então, seguindo o protocolo futebolístico tão caro a nós, brasileiros: ainda tem jogo pela frente, o placar não está definido e podemos ter prorrogação e até disputa de pênaltis. A boa torcida não abandona seu time antes do final da partida. Ao contrário: se está difícil, empurra ainda mais os jogadores para a frente, dá-lhes incentivo e acredita na vitória. Todo mundo já passou essa experiência e sabe o valor de se ganhar, quando o resto do mundo é o adversário. E, ademais, desistir não é próprio do espírito do brasileiro.

Portanto, faça a sua parte e vote no Brasil!


Boas Tardes!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Pesquisando as pesquisas

 
Num domingo de Fla x Flu, Maracanã lotado, tarde ensolarada, Mengão no topo da tabela do Brasileiro distante oito pontos do segundo colocado e invicto há dez rodadas, dirija-se à torcida rubronegra e, lá, especificamente a um cidadão trajando o manto sagrado, ocupado em agitar a bandeira do clube com a mão direita e a segurar o radinho no ouvido com a esquerda. E faça-lhe a pergunta fatal: por que time você torce? Dá para imaginar resposta outra que não Flamengo?

Pois é. A metáfora futebolística, tão própria das divagações filosóficas de nossa excelência, ilustra bem as 'metodologias' dos 'institutos' de 'pesquisas', ao apurarem a 'preferência' do 'eleitorado' pela candidata situacionista. Permitam-me o excesso de aspas, mas elas são imprescindíveis à compreensão.

Vá a municípios administrados pelo Petê, em que o grosso da população tenha baixíssimo nível de escolaridade, aborde aquele sujeito que está junto ao caixa eletrônico prestes a retirar o pagamento do Bolsa-Família do mês, apresente-se com uma blusa na qual esteja estampada a imagem do presidente abraçado carinhosamente à sua candidata e fuzile: em que candidata (pergunte no feminino mesmo, para não parecer machista) você vai votar para presidente? Alguma dúvida sobre a resposta do abalizado eleitor?

Talvez agora você possa compreender um pouco melhor a avalanche de números que o vêm soterrando, nesses dias finais de campanha eleitoral.


Bons Dias!