P Á G I N A S

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

887 x 13


O placar do jogo no Oriente Médio é acachapante: segundo O Globo Online de hoje cedo (os números devem ter aumentado, desde então), dos 900 mortos registrados no conflito entre Israel e meio mundo, começado às vésperas do Ano Novo, apenas 13 são baixas entre israelenses; 887 são do meio mundo. Entenda-se meio mundo como sendo os palestinos e demais vizinhos, envolvidos no barulho. E estamos ainda em 13 de janeiro.

Quase 50 mortos por dia em 18 dias: 2 por hora ou 1 a cada meia hora. Sendo pouco mais de 1% registrado no lado mais bem aquinhoado de recursos bélicos, armado pelo dinheiro que jorra de todos os cantos do mundo. Dinheiro que falta ao combate à fome, mas sobra para o combate ao próprio homem. Na briga de um só contra aqueles à sua volta, a propaganda defende que este um só é quem está certo. Como aquele soldado da anedota, que destoa de seu pelotão: os outros é que estão errados. Ou a mensagem falsa que, alardeada à exaustão, torna-se verdade.

Na ânsia de proteger seu território, Israel está semeando - em seu próprio e nos que lhe fazem fronteira, ao longo do muro da vergonha - um ódio sem precedentes, de futuro inimaginável. E parece ter sido assim desde 1948, quando o surgimento do país coincidiu com o advento dos Direitos Humanos, sem que um fato e outro tivessem travado mútuo conhecimento até hoje.

Na sexta-feira passada, uma manifestação nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto - a Câmara Municipal do Rio, na Cinelândia - chamou-me a atenção. Um grupo fazia discursos e cantava, com faixas clamando pela paz, ostentando em destaque uma bandeira de Israel. Não pude conter o espanto e, então, perguntei a alguém que assistia: 'mas são os que matam os que pedem paz'?

As advertências da ONU são letra morta, ditada aos ouvidos de mercador do governo israelense. A Anistia Internacional, por seu lado, não demonstra, em relação a Israel, a mesma dureza no dedo que costuma apontar desrespeitos aos cidadãos de outras partes do mundo, especialmente na América Latina. Os Estados Unidos, historicamente defensores dos fracos e oprimidos, limitam-se a simplórios puxões de orelha, aguardando placidamente a política de Barack Obama para a região.

E o mundo segue pasmo, diante da violência gratuita que campeia do outro lado - para nós, felizmente do outro lado - do mundo. Um verdadeiro novo holocausto.


Boas Tardes!

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